Após protesto, polícia reforça segurança no pavilhão da COP onde ocorrem negociações entre países
COP30 tem filas e segurança reforçada depois de invasão durante protesto
Delegações reunidas na COP decidiram que vão discutir quatro dos temas mais sensíveis sobre mudanças climáticas — mesmo que esses assuntos não estejam na agenda oficial. As negociações nesta quarta-feira (12), em Belém, ocorreram em meio a um esquema de segurança reforçado.
Do lado de fora do pavilhão, carro das forças de segurança. A PF abriu inquérito para apurar a invasão. Nesta terça-feira (11) à noite, representantes de tribos indígenas, estudantes e movimentos sociais tentaram entrar na Blue Zone, área restrita da conferência, reservada às delegações dos países. Houve quebra-quebra. Aparelhos de raio-x foram destruídos e dois seguranças ficaram feridos. Por conta dos reparos na entrada principal, houve fila pela manhã.
Nesta quarta-feira (12), lideranças de grupos indígenas – que participaram do protesto – convocaram uma entrevista coletiva e pediram mais participação nas negociações.
“Parece que a gente está isolado em uma bolha enquanto o movimento acontece lá na COP separado. Então assim: é a maior participação nas COPs, nos últimos anos vem crescendo a participação indígena, mas ainda é pouco, quando a gente não tem vez nem voz nas mesas de negociações”, diz liderança indígena tapajó, Auricelia Arapiun.
Apesar do quebra-quebra, o número de debates se multiplicou no terceiro dia da conferência. Os representantes de 195 países se espalharam em dezenas de reuniões. Discutiram temas como a transição energética. Isto é, a mudança de fontes de energia poluentes, como petróleo e carvão, para alternativas renováveis que não pioram o aquecimento global, como a energia eólica e solar. Os países defendem que essa transição seja justa, ou seja, não ameace empregos nem agrave desigualdades.
Para cada um desses temas, há a expectativa de decisões e compromissos que devem entrar no documento final da COP.
"Então está tudo isso aqui na mesa com possibilidade de acordo nessas duas semanas", afirma Liliam Chagas de Moura, diretora do Departamento de Clima do Itamaraty.
Os negociadores dos países apresentam contribuições. É um processo trabalhoso e demorado.
“Os negociadores estão em salas de reunião literalmente debatendo texto, linguagem, porque cada vírgula importa. E se eles conseguirem chegar em um acordo sobre o melhor texto para aquele assunto, eles encaminham para uma tomada de decisão. Pode acontecer em alguns assuntos já nesse sábado ou podem ser encaminhados para semana que vem, continuar esses debates, mas com envolvimento mais político dos seus ministros que chegam para a segunda semana”, afirma Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima.
Hoje, os países decidiram que não vão incluir na agenda oficial da COP os quatro temas considerados mais sensíveis. São eles:
Como países ricos podem financiar ações de países pobres para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que causam as mudanças climáticas.
A necessidade de metas mais ousadas para combater o aquecimento global.
Restrições que países impõem de forma unilateral ao comércio com base em questões ambientais, como barreiras tarifárias e não tarifárias a produtos vindos de áreas de desmatamento.
E mais transparência nos relatórios sobre as emissões.
Segundo o presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago, os assuntos serão discutidos, mas de maneira informal, e essas discussões podem gerar novas decisões ao longo da conferência.
Ele agora fará novas consultas aos países sobre esses temas e o resultado dessas conversas será apresentado em uma sessão plenária no próximo sábado (15).
“Alguns países gostariam de ter mais tempo, mas então vamos continuar as consultas a partir de amanhã e eu vou fazer um outro relato no sábado”, diz André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
Após protesto, polícia reforça segurança no pavilhão da COP onde ocorrem negociações entre países
Reprodução/TV Globo
LEIA TAMBÉM
VÍDEOS: a COP 30 e o nosso futuro
TERMÔMETRO DA COP30 #DIA 3: protesto surpreende segurança, Arábia dá sinal de impasse e China vira assunto
Segundo dia de COP30 tem confronto após cerca de 50 pessoas tentarem invadir área restrita
Em Belém, representantes da agricultura e cientistas mostram como a floresta em pé pode gerar renda e melhorar a produção de alimentosFONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/jn-na-cop30/noticia/2025/11/12/apos-protesto-policia-reforca-seguranca-no-pavilhao-da-cop-onde-ocorrem-negociacoes-entre-paises.ghtml